25 de Abril – 45 anos depois

O ano de 1974 começou com a recessão mundial e a economia portuguesa em desequilíbrio, a gasolina racionada devido ao embargo ao fornecimento de petróleo pelos países árabes produtores, pois Portugal apoiava os E.U.A. que eram aliados de Israel na guerra de Yom Kippur.

Como se dizia na altura, Portugal “via-se a si mesmo a preto e branco”. A televisão era tendenciosa e fascista, só passava o conveniente ao regime ou com censura.

A 22 de Fevereiro, o General Spínola publicava o livro “Portugal e o futuro”, com uma visão de um sistema federalista para o Ultramar e a adesão à CEE, o que implicaria a democratização do regime político e o fim da guerra colonial.

No dia 05 de Março, o M.F.A. apresentou o primeiro documento contra o regime e a guerra nas colónias, mas uma vez mais Marcelo Caetano, chefe do Governo, manteve o apoio da Assembleia Nacional.

Depois da tentativa de golpe militar das Caldas da Rainha, falhado em 16 de Março, o Governo começou a tremer. Como era habitual, Marcelo Caetano tinha através da TV as suas “Conversas em Família” e afirmava: “A África portuguesa continuará a ter a alma portuguesa”.

Mas no dia seguinte uma multidão enchia o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, no I Encontro de Música Portuguesa que a Casa da Imprensa organizou.

José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Fausto e muitos outros músicos reuniram-se para desafiar a censura e “anunciar” o fim do regime cantando em coro “Grândola Vila Morena”, que viria a ser usada pelos militares como uma das senhas da Revolução de Abril.

Portugal era um país analfabetizado e pobre, sem contactos com o exterior, no qual as pessoas davam o “salto” para procurarem uma vida melhor e escaparem à guerra colonial.

Os “brandos costumes” começaram a desmoronar-se após o movimento militar de 25 de Abril, um tempo de grandes manifestações, comícios quentes, barricadas, recolher obrigatório, Junta de Salvação Nacional, saneamentos nas empresas, etc. Mas as pessoas participavam, tomavam decisões, nem sempre as melhores mas foram avançando e alguns dos nossos ideais, como a Democracia e a Liberdade, foram progressivamente concretizados.

Finamente PORTUGAL era falado por bons motivos pela imprensa mundial e recebia novas influências sociais.

O cravo vermelho tornou-se flor oficial da Revolução de Abril, e ainda hoje é o símbolo da nossa liberdade, que este ano comemora os seus 45 anos.

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