Possui um livro antigo de capas duras, douradas e com gravuras incrustadas? Por sorte poderá ter um livro magnífico com pinturas nas bordas.
Parecem ser livros antigos, já de si valiosos, mas poderão conter uma ou mais pinturas invisíveis quando o livro está fechado mas que aparecem nitidamente quando as páginas são declinadas ou são ventiladas como uma animação. São pinturas fantásticas, ricas em pormenores, verdadeiras obras de arte que surgem como por magia.
Alguns exemplos destas pinturas datam do Séc. X, atravessaram a Idade Média e atingiram o seu apogeu no Séc. XVIII, estendendo-se até ao Séc. XX. São pinturas muito elaboradas representando paisagens, cenas religiosas e retratos, mas num período mais tardio apareceram representações de cenas eróticas e de romances populares como os de Júlio Verne, Charles Dickens e Arthur Conan Doyle. No final do Séc. XIX, devido ao desenvolvimento das prensas, começaram a ser aplicadas em livros já publicados no início do século.
Estas preciosidades aparecem muito na borda frontal da obra, mas nas mais recentemente publicadas foram apresentadas aos pares, aparecendo de acordo com a orientação do livro. Existem mesmo livros que têm três pinturas, duas nos topos e outra na frente.
Um belo exemplo destas pinturas de borda é o livro “Autumn” de Robert Mudie, de 1837. Faz parte de uma coleção onde estão representadas as estações do ano, o céu e o inferno e ainda elementos da natureza.
Apesar de ser uma arte moribunda as pinturas de borda ainda são criadas hoje por artistas como Martin Frost e Clare Brooksbank. O primeiro já realizou mais de três mil obras de arte.
Etelvina Ferreira, Março 2019