As estações do ano – o mito da Primavera

O equinócio da primavera assinala o primeiro dia da Primavera e este ano, no Hemisfério Norte, teve
lugar no dia 20 de Março às 21h 58mn. No Hemisfério Sul só ocorrerá em Setembro.
Nesta altura a noite e o dia têm a mesma duração, daí o termo equinócio, do latim aequinoctium (aequus, igual + noctium,noite). 

A chegada da Primavera é festejada em todo o mundo pois marca o fim do Inverno, do mau tempo e da escassez de comida. Por outro lado celebra também o renascimento da Natureza e desde tempos imemoriais surgiram nesta época, festivais de celebração à fertilidade, à abundância e ao renascimento.

A imaginação humana não tem limite e desde sempre tentou explicar o inexplicável numa procura constante do conhecimento.

Os antigos gregos, helenos que habitavam a Hélade, tinham uma explicação deveras interessante e inventiva para explicar as estações do ano que, aliás, foi aproveitada até aos nossos dias para representações no mundo da arte e da literatura:              o mito de Deméter e Perséfone.

Zeus governava no céu como senhor soberano e providenciava aos homens abundância de frutos, sementes e animais. Deméter, a Deusa da Fertilidade e das Colheitas, abençoava a Natureza.

Um certo dia, Perséfone, a filha de Deméter e Zeus, colhia flores juntamente com as suas irmãs e algumas ninfas, lá para os lados da Sicília, quando de repente Hades, seu tio e irmão de Zeus, e que por ela nutria uma grande paixão, abriu uma fenda no chão e a arrastou para o submundo.

Deméter procurou incessantemente a filha, percorrendo todo o mundo conhecido e assim abandonando as colheitas e provocando o caos na Terra e o desespero nos homens.

Hélio, o Deus do Sol, que tudo via, apercebendo-se da infelicidade materna resolveu contar-lhe a verdade. Deméter ficou furiosa e no Olimpo, perante Zeus, ameaçou passar a viver só na Terra tornando-a estéril para sempre.

Foi assim que Zeus, encurralado, decidiu intervir, exigindo a Hades a devolução de Perséfone. Mas ela tinha-se apaixonado perdidamente pelo seu raptor. 

Sem se aperceber tinha comido uma baga de romã, a fruta das paixões, e recusava-se, então, a abandonar o seu amado.

Zeus, já farto dessa encrenca toda e não podendo agradar completamente, como se costuma dizer, a gregos e troianos, emitiu a seguinte sentença: Metade do ano Perséfone ficaria no submundo e na outra metade subiria ao céu para fazer companhia à sua mãe.

Quando Perséfone viajava do submundo para o céu, Deméter era a mais feliz das mães e a vida brotava na Terra: Surgiam os primeiros rebentos, os campos enchiam-se de flores, os pássaros cantavam lindas melodias e diziam até os entendidos que as paixões desabrochavam nessa época, com mais intensidade – era Primavera e a felicidade reinava na Terra.

No início do Outono, Perséfone descia ao submundo, Deméter enchia-se de tristeza e a saudade aumentava, surgindo o Inverno: o verde desaparecia, colhiam-se os frutos, as folhas caíam e o frio entranhava-se nos corpos.

Um ciclo que desde então se repete todos os anos.

Fonte: Pierre Grimal- Dicionário da Mitologia Grega e Romana, 3ª ed.

Etelvina Ferreira

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