Pintura de Jean Honnoré Fragonard (1732-1806)
– Poema de Milú Almeida 2023
BEIJO
Dou-te um beijo e vivo em ti
E tu em mim.
Dou-te um beijo e acordo-te,
Dou-te um beijo e sei que estás comigo.
Toco teus lábios por afeição,
Toco teus lábios por amor,
Abre-se a química que nos une,
Ardente sorte de duas bocas que ao unir-se
Se desfrutam.
Soltam-se declarações de amor e presença,
O entrelaçar das mãos,
O abraço aconchegante ou ofegante…
O encontro simples e de gratuita meiguice,
Ou tresloucado de paixão.
Dá-se o beijo mansinho, com ternura doce,
Dá-se o beijo de começo e recomeço,
Fermento que amplia e sacia corpo e pensamento
e a vida desenha novos sonhos e visões.
De olhos fechados, prende-se o sabor,
Celebra-se a vida e o acordar.
De lábios pousados
Absortos caímos na ilusão e subimos ao céu,
Ao ardor delirante que mata a saudade,
Ao enlouquecer colado a alguém.
Com um beijo se cala a boca e aprende a esperar
O sabor de um raio de sol
Que se abre num desfalecer gratificante.
Poema muito lindo, só uma porta poderia descrever o amor contido no beijo. Parabéns por esta escolha do jornal digital.