Combater Preconceitos – Imigrantes/Refugiados

Combater Preconceitos – Imigrantes/Refugiados

– Etelvina S. Ferreira

São muitos os que rejeitam a ideia da vinda de refugiados para os seus países. A apoiá-los o conceito, preconcebido, de que trazem males para a população em geral, fundamentada na possível falta de emprego para os locais, assim como o medo pelo desconhecido.

As migrações têm sido objeto de um intenso debate político nos últimos anos. Algumas pessoas acham que são um enorme peso para a economia.

Como dizia há dias a Deputada ao Parlamento Europeu Isabel Santos, numa sessão ConViva da USG, “Eles são uma mais valia para o país de acolhimento. Trazem profissionalismo, ideias diferentes de culturas diferentes, preenchem as vagas de emprego onde ninguém quer ingressar, desenvolvem a economia através do consumo”.

Portugal tem uma população envelhecida e serão eles a salvação do Sistema de Segurança Social a curto prazo”.[1]

Será verdade que poderão fazer concorrência aos residentes nos postos de trabalho?

O que se tem verificado é que, devido à barreira linguística, eles tendem a procurar trabalho onde esta barreira não é problema e, por vezes, ocupam lugares onde há deficiência de empregados especializados naquela área, colmatando falhas no país que os acolhe. Tendem, também, a ser mais empreendedores devido aos riscos e dificuldades porque passaram anteriormente e daí a criarem mais negócios com consequente aumento de postos de trabalho.

“A migração para economias avançadas pode acelerar o crescimento. Migrantes das economias avançadas aumentam a produção e produtividade porque estes trazem para o mercado do trabalho um conjunto diverso de habilidades e qualificações que se complementam, elevando a produtividade.”

Por vezes, com as suas ideias originais, acabam por mudar o Mundo. Lembremo-nos de Albert Einstein e de Sergey Brin, este último cofundador da Google.

A cidade de S. Paulo, no Brasil, sofreu um grande desenvolvimento a partir do momento em que a comunidade árabe, lá instalada, foi responsável por mudar a forma como se faziam os negócios.

A curto prazo o investimento dum país nos refugiados vai permitir um crescimento da economia e, a longo prazo, estes serão vitais para a sustentabilidade económica. Principalmente nos países europeus, envelhecidos, eles invertem o índice de natalidade contribuindo para a prosperidade.

É essencial dar ao migrante/refugiado trabalho e garantir a sua integração no mercado e educação para o desenvolvimento da língua e das suas competências adquiridas. Atualmente os problemas existem não nos países que os acolhem e integram, mas sim nos que os colocam em guetos.

Para Ian Goldin[2] “é absolutamente vital que façam valer as suas capacidades de aprendizagem de línguas, que mostrem as competências que já adquiriram, que respeitem as leis e costumes dos países de acolhimento. Muitos deles são sobre qualificados para o trabalho que desempenham. Aceitar que a adaptação é um processo complicado para ambas as partes é algo que demora o seu tempo. As grandes mudanças ocorrem num período de 4 a 5 anos, se a sociedade de acolhimento estiver preparada para os fazer os esforços necessários. Porque os refugiados, esses, estão preparados!”

Contudo a migração a partir de economias em desenvolvimento e mercados emergentes não traz impacto positivo na produtividade. Isto reflete as dificuldades que estes migrantes enfrentam para se integrarem no mercado de trabalho.

1- IMF Blog – Insights and Analysis on Economics and Finances – Philipp Engler, Margaux MacDonald, Roberto Piazza e Galen Sher

 2- Ian Goldin – especialista em migrações, autor do livro “Age of Discovery” e professor na Universidade de Oxford.

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