“Lembras-te de quando os teus avós ou teus pais prolongavam o tempo útil das coisas? O desperdício era reduzido. Os equipamentos eram reparados quantas vezes fosse possível. Concertavam-se os sapatos. Com imaginação reaproveitavam-se as sobras alimentares.
Um tal comportamento, nos dias de hoje, designamos de Economia Circular.
Parece que é inevitável a tendência coletiva para um uso ineficiente dos recursos e da energia, na escravidão moderna assente na dívida e na santa ignorância quanto à finitude dos recursos.
Há quanto tempo não ouvimos um berro inquisitivo e zangado, do outro lado da casa, um brado aos céus, por causa de uma luz acesa? Um inócuo e insignificante interruptor, que não se apagou, já foi justa causa de muita brava admoestação.
Lá tivemos que ir ao baú das coisas bem-feitas para finalmente nos apercebermos que nem tudo é progresso e reaprendermos a inverter o ritmo de autodestruição que, alegre e ingenuamente, cultivamos nas últimas décadas.
Felizmente, andar de bicicleta é moderno, roupa usada é vintage, design saudoso é hipster. E não só!
Consumir produtos locais é responsável. Conservar espaços naturais e patrimoniais é um investimento. Aproveitar, reutilizar, reparar, preservar, partilhar e cuidar são mais que palavras e cada vez mais frequentemente são ações.
A cidadania faz-se no exercício da responsabilidade dos indivíduos. Cada ser aporta um gesto, uma prática, uma ideia, nesse imperioso desígnio de contribuir para sustentabilidade da vida e para a felicidade pessoal e social.
– Artur Sousa