– Maria José Moura de Castro
“Temos aqui uma janela, escrever é encontrar a janela da imagem que nós queremos ver.” Pedro Chagas Freitas
Na tarde do dia 17 de novembro, entre as 14h e as 16h, o auditório da Universidade Sénior de Gondomar foi janela para uma bela imagem: um Encontro Com a Literatura, muito especial. O conceituado escritor, com milhares de vendas, Pedro Chagas Freitas, concedeu-nos a gentileza da sua visita para nos falar de si e dos seus livros. A plateia presente, entre a qual se encontrava o Presidente da União de Freguesias de Gondomar, António Braz, pôde confirmar, por si mesma, a afabilidade, descontração e humor deste nortenho, de Guimarães.
Pedro é o chamado “case study”, ou seja, um fenómeno no mundo dos livros, que saltou para a fama com o “best seller -Prometo Falhar”, editado em 2014 pela Editora Marcador, e que resultou da sua escrita diária, durante 9 anos.
Depois de devidamente apresentado pela professora Maria José Moura de Castro, Pedro Chagas Freitas tomou da palavra para, de pé, e sorriso na cara, nos contar sobre os seus falhanços, alguns bem cómicos no seu contar, que o levaram até onde se encontra hoje em dia. No decorrer do relato das suas experiências, Pedro foi interpelando o público, e proporcionou-lhe momentos divertidos. Até cantou. Vejam lá!
De nadador-salvador, operário fabril de produção em linha (de calçado), porteiro de discoteca, barman, modelo, e muito mais, foi indo de peripécia em peripécia até se descobrir na escrita, não só na edição de livros, mas também na realização de Campeonatos de Escrita online e nas suas palestras/Stand up pelo país. Segundo as suas palavras, escreve muito mais do que publica, mais de 150 livros. No entanto, continuou e continuará a vivenciar momentos de falhanço, pois, como diz, é próprio da condição humana. Pedro reconhece o seu lema de vida nas palavras de Jean-Paul Sartre: “Não importa o que a vida fez de você, mas o que você faz com o que a vida fez de você.”
Para si, escrever é uma forma de guardar memórias, sendo que, na sua opinião, cada pessoa presente nesse encontro, sairia dali com um olhar diferente sobre o evento. Pedro escreve pedaços dos seus livros, no seu blogue e no Facebook, pelo que tem milhares de pessoas a lerem-no nas redes sociais. E, a propósito desta exposição diária, própria dos tempos modernos, contou que recebe todo o tipo de comentários, desde os melhores aos piores, pelo que adotou um mantra – Eliminar. Banir – , o que não interessa, obviamente. Desta forma, o que fica registado é o quão maravilhosa é a sua escrita. Como é natural, é impossível agradar a todos, dada a diversidade humana, embora gostasse que assim fosse. De modo que não perde tempo com os comentários desagradáveis de quem não conhece e não o conhece.
Recorda que, quando pensou em editar “Prometo falhar”, a própria editora não contava com o seu sucesso, pois era de opinião que o livro tinha um título nada romântico. Já, para si, este não podia ser mais romântico pois era a confissão de que, mesmo não se querendo, alguma vez se iria magoar a pessoa amada. Pedro gosta de conviver e de estar no seu cantinho com a sua família, em especial com o seu Benjamim, que é o filho.
Entretanto, o professor Artur Sousa, também presente, a professora acima referida, e elementos da plateia colocaram-lhe algumas perguntas.
Quando questionado se “Pchimperé”, a personagem principal do seu livro atual, “A raridade das coisas banais”, era a sua criança interior, respondeu que gostava que assim fosse, mas na realidade não é. Considera que não é fácil assumir essa maneira de ser e de estar na vida, embora ser pai tenha brotado nele um lado mais simples e brincalhão.
Este seu último livro está a ser um outro fenómeno de vendas, comparado ao “Principezinho”. É um livro ternurento, pleno de reflexões e questões, que proporciona momentos de riso e de choro ao leitor, logo a partir das primeiras páginas, nas quais a personagem ainda se encontra na idade da adolescência.
Se a literatura é a capacidade de, com as letras, mexer com as pessoas, então não lhe resta alternativa senão a de fazer literatura – diz ele.
Para terminar, foi pedido ao Pedro que presenteasse a plateia com a leitura, na primeira voz, de um dos excertos do referido livro, à sua escolha. Ei-lo:
“- Viste?
– O quê?
– O que acabou de passar.
– O que foi?
– Um minuto. Inteiro. E nem o viste passar. Não fizeste nada para o ver.
– Tu viste.
– Todo. Segundo a segundo. Foi um minuto incrível. Grande parte das pessoas dizem que a vida é curta, simplesmente não a vêem passar. A vida passa minuto a minuto. Tu acabaste de a deixar ir embora. Tenta compensar já neste. “
E Pedro, que gosta de observar, o que lhe dá um brilho no olhar, despede-se com o desejo de que tiremos uma hora de cada dia para fazer o que nos faz feliz, independentemente do que a felicidade seja para cada um.
– É isso, aproveitem os minutos. Obrigado.
Obrigada nós, Pedro, pela partilha de cada minuto deste Encontro com a Literatura.
-Maria José Moura Castro