O desporto nasceu do jogo e esteve sempre a par do desenvolvimento da civilização.
Inicialmente duma forma simples, primitiva, sem regras escritas, passou depois a ser transmitido oralmente, de geração em geração, acompanhando o desenvolvimento social do homem e as suas relações interpessoais. Na pré-história desenvolveram-se as sementes duma hipotética competição desportiva na medida em que as atividades principais se desenvolviam em torno da pesca e da caça.
Depois surgiram os jogos e desportos, sendo estes os meios de convivência com os seus semelhantes, desenvolvendo-se então habilidades, proezas e destreza de índole física, quer para satisfação pessoal, quer por divertimento.
Certos povos da antiguidade como os aztecas, os gregos e outros incorporaram nestes acontecimentos a política e a religião, mas a sua característica recreativa manteve-se até aos nossos dias.
Desde o início dos tempos o pedestrianismo foi o mais desenvolvido, visto que o homem teria obrigatoriamente que o praticar, quer para caçar, quer para fugir dos animais perigosos, sendo muito tempo depois formalizado nas competições de estrada e de pista.
Figuras de baixos- relevos provam que os egípcios já praticavam competições de luta, remo e de justas aquáticas, de três a quatro mil anos antes da Era Cristã. Também existem elementos provando que na China, na Índia e na Pérsia as atividades lúdico-desportivas remontam a milhares de anos.
Porém somente na Grécia antiga é que, pela primeira vez, na História da Humanidade, os exercícios físicos e os jogos atléticos se viram integrados nos costumes e na vida nacional, tendo adquirido um carácter educativo, religioso e estético. Das atividades desportivas surgiram agora as primeiras competições devidamente organizadas, com regras definidas e sob o controlo de juízes.
Anteriormente já se tinham criado jogos, hoje conhecidos, como o jiu-jitsu, antecedente do judo, no Japão, os jogos que antecederam o pólo a cavalo na Pérsia e no Tibete, o «tlatchhli», jogo típico no México assim como as corridas, pugilato e habilidades com touros na Ilha de Creta. Mas estes tinham carácter utilitário destinando-se a preparar guerreiros, para além das celebrações religiosas e festivas. Ainda não se poderia considerar um Desporto.
A par de todo o extraordinário desenvolvimento cultural (escultura, literatura, música, teatro, arquitetura, etc.) e científico (matemática, medicina, astrologia), além da filosofia, cujos expoentes máximos foram Sócrates, Platão e Aristóteles, os gregos dedicaram enorme importância aos exercícios físicos e às competições desportivas.
No apogeu da civilização helénica, os dias festivos, na maior parte integrando competições desportivas, chegaram a somar, em cada ano, um total de 175.
Os Jogos Panatinaicos, efetuados em Atenas, em honra de Palas Ateneia, deusa protetora da cidade, eram de carácter local, mas, para além destes, havia mais quatro grandes competições abertas a representantes de todas as cidades-estado e mesmo das colónias gregas estabelecidas em Itália e no Norte de África. Os participantes teriam de ser helenos de nascimento e não podiam ter sofrido condenações nos tribunais:
– JOGOS OLÍMPICOS, celebrados em Olímpia de 4 em 4 anos, em honra de Zeus, deus dos deuses, tendo os vencedores, por prémio, uma coroa de ramos de oliveira.
– JOGOS PÍTICOS, efetuados em Delfos, de 5 em 5 anos, em honra de Apolo, sendo os vencedores coroados com ramos de loureiro.
– JOGOS ÍSTMICOS, tendo lugar no Istmo de Corinto, de 2 em 2 anos, sendo os vencedores coroados com ramos de pinheiro.
– JOGOS NEMEUS, celebrados na Nemeia, de 3 em 3 anos, recebendo os vencedores coroas de aipo.
Pensa-se que os jogos se iniciaram em 884 AC. Foram interrompidos várias vezes devido a guerras entre as cidades- estados e a uma peste que assolou o Peloponeso.
Como as interrupções se sucediam, Iphitos, rei da Élida, decidiu consultar o oráculo de Delphos e a resposta da sacerdotisa foi de que deviam prosseguir as competições desportivas em honra de Zeus, deus dos deuses. De volta a casa este rei estabeleceu acordos com todas as cidades-estado, em especial com Licurgo, rei de Esparta, ficando este acordo gravado num disco de ferro:
Durante as Olimpíadas, que se efetuavam de 4 em 4 anos, vigorava a trégua sagrada, ou seja, paravam todas as guerras e, a zona onde decorriam os jogos, era inviolável não podendo entrar armas dentro do recinto. Mais tarde a trégua sagrada passou a durar três meses. O início era marcado pelo anúncio do mensageiro que visitava todas as cidades anunciando os jogos.
Inicialmente os jogos incluíam apenas a corrida do estádio (192 metros = 600 pés de Héracles). Ao longo do tempo foram sendo adicionadas outras provas:
– Diaulos (384 metros correspondentes a dois estádios, corridos ida-e-volta). O estádio tinha a designação de dromos.
– Dolicos (24 estádios, correspondentes a 12 idas-e-voltas, perfazendo 4.608 metros).
– Lançamento do dardo.
– Lançamento do disco.
– Salto em comprimento.
– Luta.
– Pancrácio.
– Pentatlo (conjunto de 5 provas formado pela corrida do estádio, os dois lançamentos, o salto e a luta.
– Corrida de obstáculos com equipamento militar.
As diferentes competições foram profusamente representadas na arte e quando hoje olhamos uma escultura, ou uma pintura num vaso, facilmente identificamos um atleta através da sua nudez porque os atletas competiam e treinavam nus. A beleza do corpo nu era considerada o reflexo da beleza interna e ilustrava o equilíbrio harmonioso entre o corpo e a mente. A prática dos desportos ajudou a desenvolver e atingir essa harmonia.
Nos períodos áureos da civilização helénica, para além das provas desportivas, efetuavam-se manifestações culturais com a presença dos grandes nomes do conhecimento e da arte, com destaque para a oratória e a música. Olímpia, para além do estádio, dispunha de um hipódromo onde se disputavam as corridas de carros (bigas puxadas a dois cavalos e quadrigas a quatro). Era um lugar de culto e de peregrinação, com dois templos principais, o de Zeus, contendo a sua estátua com 13 metros de altura chapeada a ouro e marfim (criselefantina), de autoria do celebérrimo escultor Fídias, e o de Hera, sua mulher, deusa da sabedoria e da família. Espalhadas em todo o recinto existiam as instalações, misto do que se designa hoje como um «centro de estágio» e uma «Aldeia Olímpica», onde os atletas participantes e os seus treinadores se tinham de concentrar durante um mês até ao início das competições. Somente os gregos de nascimento, do sexo masculino e que nunca tivessem sido punidos por qualquer crime, podiam participar nos Jogos Olímpicos. Às mulheres estava proibido participar, inclusivamente, não podiam fazer parte da assistência.
Após a ocupação romana a degradação das competições desportivas acentuou-se. A preferência do público ia sobretudo para as corridas de cavalos, principalmente as quadrigas, nos hipódromos. O estádio grego transformou-se em circo romano.
Embora a realização dos jogos olímpicos continuasse, apesar de fortes sinais de decadência, só vieram a ser interrompidos no reinado do imperador romano Teodósio, após a sua conversão ao cristianismo. O bispo de Milão insistiu para que se acabasse com os Jogos Olímpicos tendo Teodósio cedido, suprimindo-os no ano de 393 D.C.
No séc. XIX descobriu-se, na Grécia, o local onde se efetuavam os Jogos Olímpicos da antiguidade o que motivou, por certo, um jovem dirigente francês, Pierre de Coubertin, para a ideia de instituir os Jogos Olímpicos da Era Moderna.
Desde então, de quatro em quatro anos, todos os povos se unem pela paixão ao desporto. As olimpíadas simbolizam a unificação de diferentes raças, cores e etnias e o seu símbolo, criado por Pierre Frédy, representa magnificamente estes ideais – Cinco arcos entrelaçados, de diferentes cores, representando, cada um deles, um continente.
Hoje o Desporto é a maior paixão da humanidade dando lugar aos mais grandiosos espetáculos mundiais. O aumento dos tempos livres, as facilidades de transporte e a proliferação das instalações gimnodesportivas, conduziram a uma maior expansão das práticas desportivas.
– Etelvina Sousa Ferreira
Ferreira, Fernando. Síntese da História do Desporto, Revistas da Universidade Católica Portuguesa.
Um bom documentário . Tenho em mim que os Valboenses agora com a rua Joaquim Manuel da Costa , ajardinada (muito embora com grandes percalços , com o cimento a desmoronar-se ) vão ter que fazer ,grandes caminhadas , esperamos grandes atletas, nem que tenham que usar muletas, gente rija sim senhor , obrigada senhores autarcas, afinal vocês estão atentos, eles vão chegar à Universidade Sénior a pé ! Fora os carros (os publicos e os privados ) Todos a penantes, vamos vencer grandes maratonas , descendemos dos Gregos, grande exemplo !