MÊS de Abril – Um Mês a Duas Cores

– Raquel Rêgo 

Em abril decorre, no nosso Concelho, Gondomar, à semelhança do que acontece por todo o país, a campanha de sensibilização para a Prevenção dos Maus-Tratos na Infância, levada a cabo pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens que, durante todo o mês de abril, realizam um conjunto de iniciativas com o intuito de alertar para os riscos de maus-tratos na infância, ou seja, para todas as formas que impeçam o crescimento saudável e seguro das crianças e jovens.

Esta campanha é, simbolicamente, acompanhada do Laço Azul. E porquê o Laço Azul? Em 1989, na Virgínia (EUA), uma avó (Bonnie Finney) amarrou uma fita azul na antena do seu carro para homenagear o seu neto, vítima mortal de maus-tratos. Com esta atitude, Bonnie Finney pretendeu que as pessoas se questionassem. O impacto desta iniciativa foi tão grande que desde então, abril, passou a ser o mês Internacional da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância.

Falar sobre este tema, é lembrar que existem, cerca de 6400 crianças que vivem em acolhimento residencial, no nosso país. Estes números demonstram a necessidade, urgente, de mudança de paradigma e de fazer valer o DIREITO DAS CRIANÇAS A CRESCER NUMA FAMÍLIA. Escrevo com letras garrafais, porque apesar deste direito estar consagrado na Convenção dos Direitos da Criança (1989), importa sublinhar, com especial destaque, até que seja, efetivamente, uma realidade.

Percebemos melhor o que nos falta alcançar quando nos comparamos com outros países, como a Espanha, em que 60% das crianças ou jovens acolhidos se encontram em famílias de acolhimento, a Irlanda com 90% e Portugal, onde apenas 3% estão integrados nesta medida. Sim, 3%!

Assim, informar, divulgar, dar a conhecer a medida do Acolhimento Familiar é, sem dúvida, uma forma de promover a possibilidade de que estas crianças, num período mais difícil das suas vidas, possam, temporariamente, serem acolhidas numa família que lhes proporcione afeto, aliás eu reforço, muito afeto, um ambiente familiar estável e seguro, enquanto a família de origem pelas mais diversas razões, não o pode fazer.

É fundamental, que esta medida seja a resposta esperada, para se contrariar assim, o acolhimento residencial, que como todos sabemos, por melhor que funcione uma instituição, não se compara à vivência quotidiana, às dinâmicas e rotinas próprias da vivência em família.

Mas para tal é necessário, que a escassez de famílias de acolhimento se reverta. Aqui está um desafio para todos nós, o de abraçar, firmemente, esta resposta social.

Abordar a temática dos direitos das crianças é ter presente que os “Direitos” não nascem nas árvores, e que é através da força de um coletivo que os temos vindo a alcançar. E por isso, falar de abril, é falar a duas cores, o Azul do Laço e o Vermelho do Cravo!

Abril é também, inquestionavelmente, a cor Vermelha do Cravo que erguemos em mãos, bem alto, pela conquista da Liberdade e da Democracia que a Revolução de 1974 nos trouxe e que muito nos orgulha.

Não encontro melhor forma de comemorar o 25 de Abril senão festejando-o porque é uma data, talvez das mais bonitas datas, do nosso calendário.

Comemorá-la é recordar que homens e mulheres lutaram contra a ditadura, para que pudéssemos hoje, 49 anos depois, perpetuar os direitos conquistados e viver em Liberdade.

Cumprir o desígnio da Democracia e da Liberdade é continuar a lutar, hoje, amanhã e sempre, todos os dias, sem exceção, pelos Direitos das Crianças e Jovens, pelos Direitos Humanos, pelo Direito de Igualdade entre mulheres e homens. É, igualmente, conjugar o verbo Ser no presente do indicativo, em todas as pessoas do singular e plural, no feminino e no masculino: Eu, Tu, Nós, Vós, Eles e Elas, somos Vozes ativas para que quem ouse roubar, oprimir, enevoar este Super-Poder que é a Liberdade, facilmente seja destronado. Que a força do Bem e dos Bons prevaleça, para que haja mais Justiça, Igualdade e Solidariedade entre nós!

Um Abril Feliz para tod@s!

 

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