O Futuro da Educação – Etelvina Sousa Ferreira
“Como podemos preparar os nossos filhos para um mundo repleto de transformações sem precedentes e de incertezas radicais” …“O que deveríamos ensinar a esse bebê que o ajude, ou a ajude, a sobreviver e progredir no mundo de 2050 ou no século XXII?” – Yuval Noah Hariri
O mundo muda quase diariamente. As informações, as oportunidades e os desafios surgem em catadupa criando mudanças a grande velocidade. Sendo assim, se somos incapazes de prever as mudanças no prazo de um ano, como fazê-lo no futuro?
Por experiência própria sabemos que o modo de ensino dos anos 50 é totalmente desapropriada nos dias de hoje. As novas tecnologias provocaram uma mudança radical no pensamento e nas vivências das pessoas, a nível mundial, de tal modo que nunca a história, em tempo algum, teve uma passagem tão célere. O ontem e o hoje já é passado e o amanhã chega rapidamente ao futuro, de tal modo que a mente humana, aquela que foi moldada segundo os velhos ensinamentos, tem muita dificuldade em adaptar-se.
O que ensinamos hoje aos nossos filhos/netos não terá nenhum significado, para eles, daqui por cinquenta anos. Ocorrerão muitas mudanças, no aspeto político, social e mesmo, graças à bioengenharia, no campo biotecnológico.
Durante séculos a informação pouco mudou, mas hoje, já nos é quase completamente impossível apercebermo-nos de todos os dados que são postos a descoberto diariamente.
Com o surgimento de novas áreas de conhecimento científico possivelmente, os empregos atuais, irão desaparecer. Há que preparar os jovens para o futuro, para as mudanças que estão prestes a chegar.
Segundo alguns críticos, os professores não precisarão de passar informação como o fazem atualmente, pois esta está disponível, acessível, em todos os meios. Urge ensinar os jovens a antever, a pegar na vasta gama de informação que possuem e desenvolver capacidades para enfrentar o futuro. Os alunos deverão aprender a selecionar a informação, a fazer um juízo crítico, a eliminar o que não importa e, no fim, formar um quadro do mundo com tudo o que é importante.
O ensino das habilidades técnicas deveria diminuir e ser substituído pelo ensino de “habilidades para lidar com mudanças, aprender coisas novas e preservar seu equilíbrio mental em situações que não lhe são familiares… você vai precisar não só inventar novas ideias e produtos – acima de tudo, vai precisar reinventar a você mesmo várias e várias vezes” (Yuval Hariri)
As instituições deveriam ensinar: Pensamento crítico; Comunicação; Colaboração; Criatividade.
O aluno terá de saber lidar com as mudanças que aí vêm e em diferentes contextos. Deverá ser capaz de focar-se no que realmente importa e saber agir.
O modelo de ensino futuro terá de dar mais espaço à criatividade, à participação de outros intervenientes, para além dos professores, à tecnologia e ao desenvolvimento holístico do aluno.
A criatividade deve ocupar um lugar importante dentro da escola. È através desta que expressamos os valores culturais, nos relacionamos, exprimimos, comunicamos com o mundo que nos rodeia e com o mundo dentro de nós próprios. A criatividade é uma das funções da inteligência e os grandes avanços na ciência nascem da interação entre o conhecimento e a experiência, ou seja, da criatividade.
O empenho e a prática ativa do conhecimento deverão ser medidos através da responsabilidade individual e de grupo.
A tecnologia fará parte da resposta na educação, mas não será apenas ela. O contacto regular e ativo com a natureza, a colaboração no trabalho e a forma divertida, informal, como este se deverá processar, no grupo, também fará parte da educação no futuro.
A tecnologia será um excelente repositório de conhecimento, mas nunca poderá substituir a experimentação porque esta é uma das formas de aquisição de conhecimento mais relevante no ser humano.
A mudança deverá ocorrer de um modo natural e rápido e para tal serão necessárias várias ferramentas.
Uma das tendências atuais para o modelo duma escola do futuro é a aprendizagem baseada em projetos. Aqui os alunos poderão encontrar desafios complexos e específicos do mundo real para serem trabalhados em grupo com a finalidade de serem encontradas soluções. Os alunos poderão desenvolver formas inovadoras de explorar cada desafio e aplicar conhecimentos de forma prática.
O ensino deverá replicar, ao máximo, a sociedade. Ir ou estar na escola deve ser uma extensão do resto da vida em comunidade, com a realidade e a experiência sempre presentes, e não apenas dizer respeito aos jovens. Na escola devem estar envolvidos não só os professores, mas também os pais, especialistas em artes e ciências, etc.
O equilíbrio emocional e a flexibilidade mental do ser humano serão imprescindíveis para enfrentar o futuro e estas matérias são difíceis de serem ensinadas.
Em conclusão: para além da transmissão de conhecimento, ou ensinar a obtê-lo é importante fomentar, na sala de aula, o espírito crítico e criativo, metodologias de estudo e trabalho e, também, empatia, tolerância e resiliência. É este o futuro da educação.