Ó VIDA, VAI MAIS DEVAGAR …

 – Milú Almeida

Estou zangada.

Quero mais, quero muito mais.

A vida passa depressa. É rápida, a sacana!

É destino? É feitiço?

Vê lá como andas, ó vida!

Vê lá se abrandas!

Vai mais devagar, por favor.

Quero dar muito mais de mim,

ter uma vida cúmplice de assombro,

quero saborear todos os amores que a vida tem,

quero ser, ainda e por muito tempo, o ninho querido

daqueles que me querem e acreditam em mim;

quero embalar o sol, descalçar os pés, deixar-me enrolar na areia

e sentir a rede da espuma do mar beijar minha pele;

quero saltitar como uma criança,

dançar do meu jeito,

embrulhar o tempo com um belíssimo laço vermelho,

saído do arco-íris da vida,

e da fantasia ousada e nua das asas de sonho;

quero ir a convívios, a concertos e a teatros,

quero ir a eventos, a feiras, romarias e arraiais,

quero provar iguarias várias,

degustar comédias, assombrar traições,

e rir à gargalhada até às lágrimas;

quero fazer festas, muitas festas,

encher a casa de gente, belezas e guloseimas,

ainda que depois fique cansada e o sono, teimoso, se arrede

porque o coração está explodindo de alegria e gratidão;

quero viver momentos mágicos de presença,

de opinião, inspiração e delicadezas,

quero assistir à glória

dos meus entes mais queridos,

quero passar o testemunho,

virar do avesso as incapacidades

e surpreender a saúde, os desejos, as cores,

com vida e rajadas de emoções.

Ainda que o cansaço me vá derrubando o corpo,

quero ter energia, quero “nascer” todos os dias,

quero viver muito e muito mais.

Por isso, vê lá ó vida,

se te esticas e abrandas …

Vai mais devagar, sua sacana!

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