Dia dos namorados – António Ferraz
No dia dos namorados
lembrei um amor antigo,
perene como um sol-pôr;
seus olhos amendoados
são ‘inda luz ou castigo
desse meu primeiro amor!
Imagens – Etelvina S. Ferreira
Naquele tempo, em tempo de poesias,
As palavras dançavam nos teus olhos.
Dentro dos livros que então me oferecias
Eram tuas as palavras, nos meus jogos.
Teus lábios doces de hidromel e vinho
Murmuravam segredos de encantar.
Eu me entregava ao teu doce carinho
Como um naufrago perdido em alto mar.
Naquele tempo, em dias de poesia
Havia amor e fogo entre nós dois.
Hoje só resta uma profunda nostalgia
Dos tempos que sumiram, no depois.
E o mar de letras a guiar a minha vida
Caminha no horizonte onde me deito,
Através das palavras dos poetas,
Das imagens e do teu rosto no meu peito.
Amor – Milú Almeida
Embalados em desejos,
Tecidos em sonhos delicados,
No nosso sono deitados,
Subimos ao céu e aos astros.
O corpo suado abrindo cascatas,
Enquanto no lar crepitam as brasas,
Declara-se em pente fino
E o resto fica esquecido …
O amor recolhe o som do nosso perfume,
No lençol do nosso encontro,
Onde somos um do outro,
Com pecados bem sortidos,
Soltando sentimentos e os sentidos,
Porque é grande o amor que nos une!