Em finais de 1807 o general francês Junot invadiu Portugal em consequência da recusa portuguesa de cumprir o Tratado de Berlim que impunha o fecho dos portos europeus à navegação britânica. Iniciava-se assim a primeira invasão francesa (1807-1808) e consequente partida da Família Real portuguesa para o Brasil no dia 29 de Novembro.
Em Portugal, a miséria e a opressão do povo faziam-se sentir por toda a parte. Os portugueses organizavam milícias pelo Reino fora e com bravura e amor à Pátria combatiam o invasor que lhes vinha consumindo a dignidade e a honra.
No início de Junho de 1808 a revolta aberta estala no Norte do País e S. Pedro da Cova, um povo orgulhoso das suas origens, não deixou créditos por mãos alheias organizando também uma milícia cujo símbolo maior era uma bandeira de quatro cores.
Ora quis o destino, que no dia 18 de Junho de 1808, essa mesma bandeira tomasse um papel preponderante no combate aos invasores.
As bandeiras militares, um alto símbolo de patriotismo, tinham sido todas aprisionadas pelos franceses, mas num arrojo de loucura e coragem um ajudante das Companhias das Ordenanças do Couto da Mitra, Joaquim José Moreira, tinha escondido a bandeira da companhia de S. Pedro da Cova em sua casa.
Naquele dia as milícias concentraram-se para a luta mas faltava-lhes um símbolo nacional. Porém, eis que de repente e como por milagre, apareceu à luz o indispensável símbolo, uma orgulhosa bandeira da milícia de S. Pedro da Cova. Foi o incentivo necessário para que o povo e os militares descessem a Calçada dos Clérigos, percorressem a Rua das Flores e S. Domingos e se dirigissem orgulhosamente para o Paço Episcopal com a bandeira esvoaçando ao vento no estandarte militar.
No Paço, a 19 de Junho, foi eleita na presença desse símbolo máximo da Nação, a Junta do Governo Provisório – “Junta Provisional do Supremo Governo do Reino”- que funcionaria na ausência do Rei português.
E foi assim que S. Pedro da Cova e as suas gentes escreveram mais uma página da longa História da Nação portuguesa.
Fontes:
O Concelho de Gondomar (Vol.I;Vol.II)- Camilo de Oliveira
A primeira invasão francesa 1807-1808, A invasão de Junot e a revolta popular- João Paulo Ferreira da Silva
Etelvina Ferreira, Fevereiro de 2019
Não tinha conhecimento desta historia de S. Pedro da Cova, a história do nosso
Conselho é muita, e pouco divulgada, obrigada gostei.
Não conhecia a história da Bandeira!
Embora não seja de São Pedro da Cova, é a zona Gondomar que me diz algo, pelos amigos que fiz quando era mais novo, pelos espaços que frequentei (o baile de rua – Raque, o campo de futebol, o restaurante Moura, etc.). A gentes de São Pedro, são pessoas guerreiras, pessoas de luta, que nunca viraram as costas a uma causa.
Parabéns pelo artigo e ao vosso trabalho de pesquisa.
Artur Rocha