No último domingo de Abril, a Espanha foi às urnas para escolher a totalidade dos seus 350 deputados para o Congresso e 208 dos 260 senadores que constituem o Senado.
Disputaram as XIII Cortes Gerais do Reino da Espanha cinco partidos políticos, sem que nenhum deles tivesse obtido um resultado que lhe permitisse formar Governo sozinho.
O PSOE, do Primeiro-Ministro Pedro Sanchez, ganhou com 28,7% dos votos e elegendo 123 deputados, mas sem representação parlamentar suficiente para governar sozinho em minoria, a não ser que, 1) obtenha a abstenção do PP e do Ciudadanos, 2) ou fazendo um acordo com o Podemos, de Pablo Iglésias – que obteve 14,3% e 42 deputados – e com o apoio dos nacionalistas e regionalistas Bascos e Catalães.
O PP, de Pablo Casado, foi o grande derrotado destas eleições com apenas 16,7% e 66 deputados eleitos, perdendo votos para Albert Rivera, do Ciudadanos – que atingiu 15,9% e elegeu 57 deputados – e para Santiago Abascal, do VOX – antigo presidente da Juventude PP – que nas anteriores eleições não fora além de 0,8% e que agora conseguiu 10,3%, elegendo 24 deputados nacionais e atingindo os 2,6 milhões de votos.
O VOX – um partido ultra-nacionalista que se aproveita da crise política da democracia, da corrupção no PP, do aumento do desemprego e do conflito da Catalunha – apela “À reconquista de Espanha”, a “Tornar a Espanha grande outra vez” e proclama valores morais, pátria e unidade nacional, e até à construção de um hipotético “muro” em Ceuta e Melilla, para travar os imigrantes que entram em Espanha de forma ilegal.
Fazendo uma análise rápida, começa a ser preocupante o avanço do radical-nacionalismo na Europa, em países como Holanda, França, Itália e agora em Espanha, entre outros.
80 anos após o fim da guerra civil em Espanha e de 36 anos de ditadura Franquista, vive-se uma onda de populismo que vai alastrando por todo o País, com muitos jovens a seguirem essa via.
Tudo isso quando um grande número de espanhóis tentam ainda esquecer os fantasmas do nacionalismo e procuram enterrar os seus mortos com a memória e a dignidade que merecem.
Isilda Peres